Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.

Charles Chaplin

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A história de Helena

Em uma madrugada qualquer de 1918, nascia Helena, filha de um grande fazendeiro, e uma dama da sociedade paulista. Helena era uma menina linda, que cresceu com o amor e a riqueza que os pais lhe proporcionavam. Nunca teve irmãos.
Conheceu um rapaz que lhe interessou muito numa festa, ele também se mostrou interessado. E logo estavam firmando um noivado para um casamento que teria uma festa grandiosa.


Depois de casados, os dois moravam na própria mansão. Infelizmente, por um doença muito grave e sem cura, os pais dela vieram a falecer. Helena com a ajuda de seu amado Antonio, e do tempo, conseguiu prosseguir, fortalencendo-se  na esperança de uma gravidez que acabara de descobrir.


Mas infelizmente, como Deus havia de permitir, acabou por perder esse bebe, tão sonhado.


Depois de um tempo, consultando alguns médicos, descobriu que tinha um problema para "segurar" o bebe (como eles mesmos diziam). Um tempo depois, os pais de Antonio também vieram a falecer, pelo infortúnio da idade, coisa essa que ninguém pode deixar de passar.


Mesmo depois da morte de seus amados sogros, Helena conseguiu fortalecer seu amado, para continuarem a caminhada. Tentaram mais tres ou quatro vezes ter um filho, porém esse desejo nunca lhes foi atendido...


Viveram felizes e com as dificuldades normais que todos passamos até os setenta e oito anos de casamento, até que infelizmente Antonio morreu. 
Helena estava então sozinha no mundo. Sozinha,e com uma fortuna. Entrou em depressão, pois não saía de casa, e não tinha com quem conversar... E sua casa era enorme demais pra uma só pessoa.


Então numa manhã anuviada, olhou-se no espelho ao levantar, e contemplando tamanha tristeza, que a olhava como que tentando a sacanear, decidiu.


Com a força que ainda lhe restava pegou papel, canetões, e fita adesiva. Foi até a mesa da sala de jantar já há muito inativa, e escreveu em um cartaz, que logo ocuparia a lateral esquerda da entrada da casa: "Venha, entre para me visitar, e leve algo em troca!".


E assim fez, pendurou a placa recém feita, e aguardou. E não passou muito tempo para que as pessoas, ou interesseiros, começassem a aparecer. Então a cada dia a casa estava mais cheia, e vazia ao mesmo tempo. 
Depois de um tempo, Helena precisou reabastecer a casa. E então notou que tudo estava muito mais caro, e que sua reserva financeira estava cada vez menor.


Assim repondo móveis, roupas, e utensílios para conseguir um pouco de atenção, conheceu gente de todo tipo, menos do que realmente importa.


Um dia, ao ouvir o sino da campainha, foi atender, e com tremendo espanto, viu-se receber, uma carta do banco que sua casa não era mais sua verdadeiramente, pois com tantos pagamentos efetuados, não se atentou que sua herança já havia acabado.


Então despejada, no auge de seus 80 anos, teve que ser abrigada num asilo, que lhe cuida até hoje, por pura e mera solidariedade.



A história de Helena, é baseada numa história real, de uma senhora que conheci, em uma das minhas andanças da vida. Ela tem hoje 93 anos, e muita história pra contar. E o que mais me admira nessa desventura em série dessa senhora, é que nem tudo isso que passou, a fez perder, a pose, e a fé, o acreditar que tudo isso poderia ser mudado com uma palavra tão pequena, mas de significado e poder tamanhos, que teriam mudado, não a vida, mas a velhice dela: AMOR!